O nosso jornal entrevistou Drifter, DD da Madeinox-Boavista, que recentemente esteve ligados a vários rumores de que iria deixar a sua equipa. No entanto tal não se sucedeu e aqui está ele a responder às nossas questões.
A Madeinox tem sido considerada uma aposta forte à subida. Sente isso ou está receoso?
Drifter: Sinceramente, não considero que a Madeinox-Boavista seja uma das favoritas à subida, durante esta época. Há outras equipas que se apresentam com melhores argumentos para subir a Pro Tour. Penso que evoluímos bastante desde o ano passado, mas ainda temos muito para melhorar. A nossa equipa está mais forte, mas é ainda muito jovem. Temos que nos reforçar nalguns sectores para conseguirmos mais vitórias e aí aspirar a uma eventual subida. Talvez em 2011 isso possa ser possível. De qualquer forma tenho muita confiança nos meus ciclistas que estão a adquirir uma grande mentalidade vencedora!
Markus Fothen e Egoi Martinez são as suas novas estrelas. Sente que estão a desempenhar o papel como tal?
Drifter: Mais que estrelas, eles são os líderes da Madeinox em provas por etapas. É claro que é bom que os ciclistas possam brilhar, porque atrai mais expectadores para o ciclismo e traz boas repercussões no que diz respeito a patrocinadores. Estão a conseguir ter bons resultados para aquilo que eu esperava nesta altura da época. O Egoi Martinez ainda não correu muito, mas já conseguiu um 6º lugar. O Markus Fothen, nas duas provas em que participou conseguiu um 2º e um 7º lugares. Estão a desempenhar na perfeição o papel que conquistaram na equipa, pela sua valia.
Como foi deixar ir Matthew Lloyd?
Drifter: Matthew Lloyd foi o nosso líder em 2009. É um grande ciclista e faz-nos muita falta, sem dúvida. Não temos actualmente no plantel nenhum ciclista com as características do Matthew, mas isso foi um preço a pagar pela melhoria da qualidade global da equipa. É claro que gostava de contar com o Matthew Lloyd na Madeinox, mas a nossa equipa tem um orçamento muito limitado que obriga a sacrifícios para conseguirmos os nossos objectivos e mantermo-nos financeiramente saudáveis.
A pergunta da praxe: quem acha que são os candidatos à subida e à descida?
Drifter: Para mim, há duas equipas que se destacam na divisão Continental por terem ciclistas que são capazes de fazer a diferença: a Garmin-Transitions e a Team Cervélo. Estas duas equipas têm algumas lacunas, a Garmin ao nível dos sprinters e a Cervélo ao nível de ciclistas para provas por etapas. Mas são equipas que têm líderes capazes de vencer sucessivamente e acumular muitos pontos, para além de terem boas direcções desportivas. Há outras equipas que podem subir, como a Liberty, a Acqua & Sapone e a Katusha, mas estão num plano abaixo das outras duas.
Em relação à descida, para mim, a Colnago é bem possível que desça, porque tem tido uma gestão muito intermitente, e tem um plantel que, embora seja interessante, não está preparado para as provas ProTour. Depois, a decisão vai ser mais difícil, mas para mim, a Androni vai ser a equipa, a seguir à Colnago, que terá mais trabalho para se manter na principal divisão do ciclismo internacional.
Se tiver que fazer uma previsão do resto da época da sua equipa, o que acha que vai acontecer?
Drifter: Bem, como deve calcular, eu não sou adivinho… No entanto, aquilo que eu gostaria que acontecesse seria que conseguíssemos algumas vitórias e, acima de tudo, gostaria de conseguir a vitória na Volta a Portugal. Mas vai ser um osso duro de roer, pois de certeza que lá irão estar muitos ciclistas de valia mundial. Gostaria também de ver a Madeinox, pela primeira vez, numa das grandes voltas.
E por último, tivemos rumores que queria abandonar o cargo e inclusive alguns corredores já estavam a querer sair da equipa. Foram só rumores ou esteve mesmo com um pé de fora? E já agora, como se sente pelos seus corredores confiarem cegamente em si?
Drifter: Realmente, algumas questões pessoais obrigaram-me a repensar a minha posição na equipa, mas consegui encontrar uma solução para o problema e continuar à frente deste projecto. A questão de alguns ciclistas quererem sair da equipa não se põe, pois todos os meus 21 ciclistas são extremamente profissionais e cumprirão o seu contrato com toda a dedicação, quem quer que seja que esteja à frente da equipa. No entanto, é verdade que eu coloquei uma grande dedicação pessoal neste projecto e, alguns dos ciclistas que vieram para a equipa, fizeram-no porque acreditaram naquilo que eu lhes apresentei. Tenho uma grande ligação com todos eles. Falo com eles todos os dias, para dar indicações e perceber como se sentem durante os treinos. Sou um privilegiado por chefiar um grupo fantástico de homens!
Jolly